Há cerca de duas semanas estive visitando a exposição Julio Le Parc - Da forma à ação, no Instituto Tomie Ohtake (São Paulo - SP). Exposição imperdível na minha opinião, mas esse não é exatamente o mote deste post.
Assim que cheguei ao Instituto, abri a bolsa, peguei os fones de ouvido e pluguei no telefone. Abri uma das minhas playlists e comecei a visitação. Logo na entrada, encontrei uma amiga, que logo ao me ver com os fones, comentou:
ah, que legal! Você baixou o aplicativo da exposição e está ouvindo as explicações. Respondi imediatamente: nãooooo! estou apenas ouvindo música enquanto conheço o trabalho do artista.
Fiquei pensando neste meu comportamento recorrente: em quase todas as exposições que visito, principalmente quando estou sozinha, já na entrada coloco os fones com música, leio o texto de abertura, em geral na parede de entrada, explicando artista e obras. Vejo a idade do artista, em que época ele produziu suas obras, onde nasceu e vive (u) e sigo em frente.
Algumas exposições são tão sensoriais que priorizo mesmo o sentir do que o saber. Não me atenho aos dados informativos que em geral estão ao lado de cada obra. Algumas, até leio para contextualizar a época em que foi feita, técnica usada ou como o artista a nomeou. Mas de modo geral, deixo que os olhos me indiquem o que me é relevante enquanto percorro os salões. A música parece me isolar dos estímulos externos, aguçando os sentidos e trazendo emoções especiais.
Na minha rotina como designer, não raro preciso acessar “meu banco interno de referências” a fim de desenvolver um projeto e parece que da forma como eu visito exposições, consigo trazer alguma coisa a mais do que apenas o visual.
Dizem que os designers são seres diferentes... gostam de ver arte até em bula de remédio e que olham para uma camada mais embaixo que o óbvio. Se esta avaliação for verídica, faz sentido minhas experiências sensoriais que até parecem momentos de viagem à um universo paralelo.
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