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  • Foto do escritorMiriam Zlochevsky Tunchel

Qual a hora de parar? A difícil arte de por o ponto final



E aí o designer tem um projeto para desenvolver, olha o papel em branco (ou tela do computador) e põe cabeça e mãos para trabalhar. As ideias vão surgindo com os rascunhos. A cada movimento, segue um novo ajuste e desta forma o caminho começa a se desenhar.

A partir do difícil início, aquele intimidador momento de Por onde começo?, muitas horas podem passar. Horas... dias... semanas...

Ah, só mais este teste de composição... Quem sabe trocando esta cor... esta fonte parece mais coerente...

Nessa hora damos entrada em um dos maiores dramas do designer: a fatídica dificuldade da hora de parar! Sim, porque a capacidade de mudar espaços, vírgulas, cores, formatos, etc. parece infinita.

O mais curioso é que não raro, os primeiros layouts são os que vingam! Isso quando não finalizamos com a primeira ideia.

Por que será que é difícil entender a hora de parar? Quando trabalhei na revista Casa e Jardim tive um chefe/mestre que sempre me dizia: não se contente com apenas uma solução gráfica para o projeto que estiver desenvolvendo. Sempre pense em ideias alternativas.

Provavelmente meu inconsciente “plantou” este conceito e as raízes foram ficando cada vez mais profundas... Na minha rotina de trabalho, é comum partir do princípio que tenho que achar 3 soluções para o mesmo projeto. Quase como um TOC (transtorno obsessivo compulsivo), já começo o layout pensando em outras formas de solucionar o mesmo trabalho.

De modo geral, a ideia-base permanece, mas sempre surgem as outras possibilidades de layout.

Pode parecer que o designer é inseguro de seu raciocínio, mas de forma alguma se trata disso. Talvez porque o universo criativo seja tão vasto, vem sempre aquela mosquinha do “e se...”!

Ok, depois de me justificar sobre as variadas ideias de um projeto, vou tentar explicar (talvez até para mim mesma), qual a hora de parar.

Há alguns anos, estive em um Congresso de Design Gráfico e ouvindo a palestra de um designer japonês, respirei aliviada! Ele falou basicamente sobre sua própria dificuldade de por um ponto final ao criar um layout. Apesar do congresso ter sido há mais de 4 anos, a fala do palestrante nunca mais me abandonou.

Percebi também que esse apego não se relaciona à aspectos culturais ou geográficos do profissional. Possivelmente a dificuldade de parar permeia o designer japonês, o americano, o alemão, o espanhol e... o brasileiro!

É preciso desapegar e acreditar que o layout está pronto! Mesmo que os ajustes aconteçam (e sempre acontecem!), quando o conceito gráfico tem fundamento, se consolida. E aí, é só assumir o ponto final.

A parte positiva deste sofrido processo é que quando conseguimos finalmente parar, temos a certeza de que testamos as várias possibilidades e o resultado é fruto de muita experimentação. A cabeça e o coração entram em concordância e ao apresentar o projeto para o cliente, estamos seguros de todo o processo.

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