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  • Foto do escritorMiriam Zlochevsky Tunchel

Design e música

Atualizado: 19 de jun. de 2018


Há alguns dias recebi por e-mail o convite para assistir uma palestra no

EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas). O tema? Design e Música.

Fiquei curiosa pensando exatamente onde essas duas expressões se encontravam. A mais óbvia, me pareceu na comunicação visual de discos

e shows.

Realmente o ponto principal era design para discos, mas foi muito mais interessante do que eu imaginava. A capa de um disco não tem design aleatório, já que de alguma forma, prepara o ouvinte para que tipo de música aquele artista canta / toca.

Claro que o estilo musical direciona o designer na criação da capa do disco, mas o que vi nesta palestra foi muito além.

O designer Guilherme Falcão abriu a palestra mostrando capas de disco históricas, como a do lendário álbum dos Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (lançada em maio/67) que mostrava que junto com a música, havia ali um universo imagético. A irreverência do grupo estava lá, escancarada, junto com aquela infinidade de personagens atrás do quarteto.

O cantor Thiago Pethit deu sequência e contou um pouco de sua trajetória artística e de que forma as capas de seus discos foram conceitualmente se transformando ao longo da carreira.

Quando lançou seu primeiro disco, não tinha ideia do que uma capa representa na comunicação do artista com o público. Por esta razão, não se preocupou especificamente em como deveria conceber, junto com o designer, a imagem da capa. Para o cantor, quem “falaria” por ele seriam as músicas gravadas. Depois do lançamento, percebeu que além do conteúdo musical, sua imagem pessoal estava sendo analisada e classificada. A partir desse momento, entendeu que deveria cuidar melhor de como gostaria de aparecer para público e crítica nos próximos trabalhos.

Ouvindo seu relato, percebi que o processo gráfico para a concepção de uma capa de disco, coloca o artista no controle de sua própria imagem. A música estava lá, apresentada explicitamente, mas a maneira como o artista se mostra na capa (com ou sem seu retrato) é bem marcante.

Nos trabalhos seguintes, Thiago cuidou pessoalmente, junto com o designer, da mensagem que gostaria de passar a respeito da sua música tanto quanto da sua imagem pessoal. No segundo trabalho, por exemplo, muniu o designer de informações, dizendo o que sim era importante ser representado e a capa quase ingênua do primeiro disco, ganhou personalidade e força na segunda.

O que mais gostei da palestra foi ter a confirmação de que o designer não tem apenas o dever de “fazer bonito”. O poder comunicador de uma peça gráfica abrange áreas objetivas com a mesma intensidade que áreas subjetivas.

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